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Quantas vezes em saídas à noite, durante o dia, no facebook, não temos um “alguém” com a maior das “latas” (que não há outra forma de definir isso!) que nos diz:

-“és solteira? Dá-me o teu número de telefone!”.

Há algo em ser solteira que desperta uma necessidade permanente de acreditar que esta definição é, única e exclusivamente, a falta de alguém que nos “acarinhe”. Há aquela necessidade de acreditar que podemos fazer caridadezinha ou que, se somos solteiras, então é por que estamos disponíveis para ter alguém, constantemente, irritantemente, a “dar em cima”. É uma espécie de “então se estás solteira é por que estás disponível para aturar um mancebo”. Aliás, tens a obrigação de o fazer!

Deixem-me explicar como eu vejo as coisas. Ser solteira é controlar o teu próprio horário, a tua vontade de estar ou não com alguém. É poder decidir se te apetece sair de casa ou estar em casa a ver um filme. Não quer dizer que, durante o filme, um alguém não me venha à cabeça. Que não pense: “bem que gostava de estar aqui enroscada”.

Mas acima de tudo, quer dizer que me levanto e me deito quando quero. Que a casa pode estar um pandemónio e eu estar no sofá e “nem aí”. Que posso decidir fazer jantar, ir jantar fora, não jantar ou comer uma porcaria qualquer. Que posso andar pela casa com um pijama todo rasgado e velho, nua, bem vestida ou assim-assim. Que posso sair com quem quero, quando quero e se quero.

Depois temos as obrigatoriedades… Que não tenho alguém a enviar-me mensagens e a telefonar-me e a esperar de mim algo que eu não sou capaz de dar a cada segundo que passa. É decidir, sobre mim, o meu mundo, o meu espaço, aquilo que quero, gosto e me apetece. E é essa vontade que faz a diferença entre querer estar com alguém ou não. E estar com alguém não é um emprego de 24horas, sete dias por semana. É vontade, caro Watson! (E a vontade pode incluir um sem fim de “alguéns” que por aí andem!)

Depois temos as tentativas de dominação, ou, melhor dizendo, de chantagenzinha bacoca. Em que, depois de negas constantes, a posição adoptada é: “mas eu só quero conhecer-te melhor”. O facto de a outra parte não querer é, aqui, absolutamente, um volte-face como outro qualquer que pode ser resolvido com momentos de stalking: mensagens constantes, encontros casuais aqui e ali em que, por exemplo, há tempo para um jantar, intrusões na tua vida, opiniões que não pedes…

Ser solteira e estar solteira não é o fim do mundo. Não é uma deficiência. É uma escolha. Não é falta de quem nos acarinhe se assim quisermos. É uma escolha. Não é por termos medo. Não é por sermos umas cabras que odeiam o outro, seja ele qual for. É uma escolha. Não é por sou feminista e penso que assim sou independente. É uma escolha. E sim, sou independente. Com ou sem alguém ao meu lado. Não é por que (no meu caso!) odeio homens. É exactamente o contrário: adoro-os! É uma escolha: no meu corpo e vida mando eu. E não, não é falta. É uma decisão. E alguém irá compreender que não é a imposição que faz o amor, é a vontade. E a vontade, é como a maré, “vareia”.

2 thoughts on ““És solteira? Dá-me o teu número de telefone!”

  1. O que seria da vida sem um “bom” stalker?! Fazem falta mais pessoas bem resolvidas como tu! ‘Cá beijinho! 🙂

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