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Shhhh! Não quero uma resposta. Guarda para ti. O tempo não precisa de saber. De ontem e de amanhã. Não lhe digas. Não precisa de autorização. Não precisa de informação. O tempo é o tempo. E basta-lhe isso para ser. Estás a ver a ampulheta? Grão a grão… Tic-tac, tic-tac… Deixa correr. Não tentes apanhar. Vamos indo e vamos vendo. Tens certezas? Nenhumas! Mas o mundo destrói-se por quem as tem. Então, porque tê-las? Deixa o bichinho morder, ou mordisca-o tu!

Deus dá nozes a quem não tem dentes. A mim nunca me deu nada. Por isso eu fui mordiscando o bichinho. E tem assim um sabor agridoce como uma tarde partilhada ao pôr-do-sol em que não sabes se estás a perder tempo ou a perder-te nele, ou ele em ti, ou apenas se, dentro da estranheza do tempo, ele apenas se entranha. O entranhar sente-se, cheira-se, come-se? Entrelaça-se como os dedos da mão, diria eu ao José Gomes Ferreira – e ria, aquele riso que tu conheces.

O tempo enquanto entidade, controlável por nós. Sempre gostei disso em ti. O ontem, o hoje, o amanhã, como se só contassem os segundos partilhados, as palavras ditas, os olhares, os toques trocados, os corpos suados. Os momentos do nosso tempo. Em que tudo se entrelaçava numa curiosa descoberta de tudo, do mundo, do tempo, de ti e de mim.

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… Que o tempo tem tanto tempo…

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