Home

Quando calcorreio o Porto, gosto de ver os edifícios que ladeiam o meu caminho. Nunca tive o infortúnio de chocar contra pessoas ou objectos, enquanto contemplo as clarabóias que tocam o céu portuense. É uma espécie de voyeurismo lacado com a típica rispidez portuense de fachada em escombros.

O Porto, com os seus ocasionais cinzentos, os seus eternos azuis metálicos, que travam na minha boca uma ânsia de retorno à infância de elétricos e trolleys, do túnel à Ribeira e do último dia de frio antes do prenúncio de Agosto… A diferença entre o mundano e o mágico, é a imaginação que levanta o véu Portuense e abre espaço ao conto, à caralhada, ao romance, à coincidência…

Os meus olhos são a lente que filma tudo o que passa por mim, os meus pensamentos criam estórias por detrás de cada cortina cerrada, para cada ruína que espera por desfechos mais soalheiros. Nos dias em que fico em casa, não traço estes percursos na minha mente, mas revejo calçadas antigas e tempos de deslumbre, pelos olhos do mais fiel cineasta da nossa cidade.

Agora Oliveira é imortal.

Leave a comment